síndrome da buzina-moisés

observo que os motoristas recifenses sofrem da grave síndrome da buzina-moisés. é simples de explicar: quando o trânsito pára, por culpa obviamente do excesso de automóveis que transportam uma única pessoa, os motoristas recifenses se vêem instantaneamente compelidos a buzinar, acreditando piamente que as ruas vão se abrir, que automóveis serão jogados para os lados ao simples toque mágico da buzina, como em algum filme do canastrão repetitivo tom cruise
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eu gosto muito quando estou em casa às sete e pouco da manhã – hora em que as aulas da escola da minha rua começam e a rua fica intransitável pois papais e mamães egoístas estacionam em fila dupla – e o buzinaço começa. por incrível que possa parecer, a rua não se abre, os automóveis não alçam voo, mas o buzinaço continua. eu gosto muito, também, quando estou em casa, na varanda e na rede, às cinco e tantas da tarde – quando está começando o caos do rush na avenida rosa e silva – e o buzinaço começa. fico a rir com meus inexistentes botões da santa credulidade dos motoristas e de estar livre disso, pois nem automóvel tenho e me desloco na cidade de bicicleta.
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(motoristas do recife pensam que buzina abre o mar vermelho de excesso de automóveis, que eles mesmos geram)