Imagens Belém de Maria - PE (2)



Vista quase aérea de Belém de Maria. Subimos ao morro do cruzeiro para ter a visão geral da cidade. Pode-se ver que era sexta-feira e as ruas em volta da igreja estavam ocupadas pelas barraquinhas da feira.


Outro panorama da cidade, mostrando como ela fica encravada no vale do rio Panelas e entre montes.


Essa é a capela do cruzeiro, um dos pontos mais altos da cidade. A capela está em mau estado de conservação, mas as pessoas da cidade me contam que é ainda utilizada.


Aqui se pode ver uma marcação do nível do rio Panelas. Conta-se que na enchente de primeiro de agosto de 2000, o nível das águas chegou aos 7 metros aí da foto. Essa ponte, inclusive, foi refeita, pois a original foi levada pelas águas. A ponte original, que vi em fotos, era muito mais bonita e trabalhada.


Outra visão do marcador de nível das águas, vejam a aguinha de nada do Panelas lá embaixo.


Nessa vista mais distante, se podem ver os montes em volta da cidade e a ponte que foi levada pelas águas. Nesse ponto em que a foto foi tirada, existiam diversas casas e uma pousada com primeiro andar, que foram arrastadas pelas águas.
Segundo relatos das pessoas com quem conversei, depois dos três dias de chuvas, no primeiro de agosto de 2000, a barragem que se situava em cima de um dos montes em volta da cidade se rompeu e a água desceu pelo riachinho de nada, que é quase paralelo ao Panelas. Quase ao mesmo tempo, o volume do Panelas que já estava alto, subiu com o rompimento de uma barragem na cidade de Cupira, à jusante do rio.
Junto com as águas que desciam do riachinho dos montes, desciam geladeiras, fogões, pedaços de casas.
Era por volta de uma da tarde.
Como já contei, as pessoas que não conseguiram ir para as partes altas da cidade - pois a água subiu muito depressa - ficaram abrigadas na igreja e na prefeitura, e quem estava nas partes mais altas não conseguia chegar aos que estavam ilhados.
Além das casas que foram arrastadas, uma grande escola municipal, a Escola Adauto Carício foi totalmente levada pelas águas.
Hoje ela está reconstruída.
O Educandário Nordestino Adventista - ENA - uma referência da cidade, teve alguns blocos de edificações afetados, entre eles os blocos de hospedagem de alunos. A piscina partiu-se ao meio e metade foi levada pela água. Todos os bancos da igreja que há na escola foram arrastados.
O ENA serviu de abrigo nos dias seguintes à catástrofe e depois disso nunca mais funcionou.
Segundo contam, apesar de mais de 400 casas destruídas, apenas uma pessoa morreu. Um homem que observava, a salvo, a violência das águas, tentou agarrar um botijão de gás que passava e foi levado pela correnteza.
Seu corpo foi encontrado cinco dias depois, há muitos quilômetros da cidade.
Naquela noite de primeiro de agosto, as pessoas quase não conseguiram dormir, com medo de mais água e chuva e com os estrondos de casas que continuavam a desabar pelos morros.


O pórtico de entrada do Educandário Nordestino Adventista.


O portão de entrada do ENA.


As instalações abandonadas do ENA.


Apenas curiosidade, a casinha de nadica e a parabolicamará.


Por fim, mais uma curiosidade, apenas. O teto dessa casa, com o devido respeito ao proprietário que não sei quem é, parece uma versão belenense de capela sistina, com o detalhe do sincretismo religioso, pois além do simbolismo cristão, se pode ver o sol e a lua, talvez como deuses indígenas inconscientemente - talvez - colocados ali.